Sempre li muito Martha Medeiros, mas nunca publicava os textos por aqui. Sinceramente, não sei o motivo.
Só sei que nunca é tarde para compartilhar palavras lindas, reflexões eternas e ensinamentos em forma de crônicas.
Esta em especial me chamou muita atenção porque a gente sempre tem o hábito de falar “E aí, fulano, tá completando quantas primaveras?”, mas na verdade esta pessoa pode estar completando alguns outonos ou invernos…vai depender de qual estação da vida ele está : )
A VIDA E AS ESTAÇÕES
Eu queria que a vida fosse dividida em quatro estágios, mas que não acabasse nunca.
A infância é como a primavera.
É pura novidade e um calor que não sufoca nem faz pensar bobagens. Tem uma inocência quase cafona, uma singeleza clássica, e traz no íntimo a certeza de que pela frente vem coisa boa. A gente quer que passe logo, mas sabe que nunca mais será tão protegido, a mordomia não será eterna. É quando as coisas acontecem pela primeira vez, é quando num arbusto verde vemos surgir alguns vermelhos, é surpresa, a primeira de uma série.
A adolescência é como o verão. Quente, petulante, libidinosa.
Parece que não vai haver tempo para fazer tudo o que se quer e o que se teme. É musical e fotogênica. Dúvidas, dúvidas, dúvidas em frente ao mar. Mergulha-se no profundo e no raso. Pouca roupa, pouca bagagem. Curiosidade. Vontade que dure para sempre, certeza de que passa.
Noção do corpo. Festas e religião. Amor e fé
A maturidade é como o outono.
Um longo e instável outono, que alterna dias quentes e frios, que nos emociona e nos gripa. Há mais beleza e o ar é mais seco, porém é quando se colhem os melhores abraços. Ficar sozinho passa a não ser tão aterrorizante. Fugimos para a praia, fugimos para a serra, as idéias aprendem a se movimentar, a fazer a mala rápido, a trocar de rota se o desejo se impuser, e não é preciso consultar o pai e a mãe antes de errar. É o outono que tentamos conservar.
O inverno é como a velhice.
Tem sua beleza igualmente, exige lã, bolsa de água quente, termômetro e uma janela bem vedada. O que não queremos que entre? Maus presságios. O inverno é frio como despedida de um grande amor, mas sabemos que tudo voltará a ser ameno. Queremos que passe, temos medo que termine. Ficar sozinho volta a ser aterrorizante. O inverno é branco, é cinza, é prata. É grisalho.
E, de repente, também passa.
Eu queria que tudo fosse verdade, que a vida fosse assim dividida em quatro estágios que mais parecem estações do ano, mas que não acabasse, que depois do inverno viesse outra primavera, e outro verão, e outro outono, que nunca são iguais, mas sempre se repetem, sempre voltam, são tão certos quanto o sol e a lua, todo dia, toda noite. Eu queria.
Eu também queria viu, Martha. Enquanto isso, vou vivendo entre o eterno verão e o outono, aproveitando cada segundo!
beijos sazonais,
Iara Leão
(3) Comentário(s)
Gabi Andrade
Que post mais lindoooooooooooooooooooooooooooooooo
Amo Marthinha...e tu ta radiante, tipo Sandy, nas 4 estações....
bjssss
25 de setembro de 2013Iara Leão
Ah, Gabi!Linda é você!!!! Radiante somos nós! :)
25 de setembro de 2013Amei você por aqui! Beijo grande!
Claire
Olá, esse texto usa função emotiva oi poética?
27 de junho de 2017